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domingo, 3 de maio de 2009

CONTEÚDO DA AULA DO DIA 24/04/2009 - 2° BIMESTRE

Significação das palavras


O signo lingüístico, segundo a concepção semiológica de raiz saussureana, é constituído de duas partes indissolúveis: uma denominada significante, ou plano da expressão, perceptível, formada de sons, que podem ser repre­sentados por letras; e uma denominada significado, ou plano do conteúdo, inteligível, constituída de um conceito.

Ao ouvirmos ou lermos, por exemplo, a palavra "cavalo", percebemos a combinação de sons/letras — o significante — e o associamos a um conceito — o significado.
Numa língua natural, é comum a ocorrência de um significante ser suporte de mais de um significado, ou seja, o mesmo termo apresentar vários significados.

A palavra ação, por exemplo, apresenta vários significados registrados nos dicionários:

1) ato ou efeito de atuar; atuação, ato, feito, obra;
2) maneira como um corpo, um agente, atua sobre outro;
3) modo de proceder, comportamento, atitude;
4) seqüência de gestos, movimentos e atitudes dos atores em cena;
5) capacidade de invocar o poder jurisdicional para fazer valer um direito que se julga ter;
6) meio pelo qual se pode movimentar o aparelho jurisdicional.

Quando um significante remete a vários significados, dizemos que ocorre a polissemia.

A polissemia, própria da maioria dos signos lingüísticos, não chega a constituir problema para a clareza e objetividade da comunicação, porque, em geral, fica neutralizada pelo contexto.

Vamos entender por contexto, uma unidade lingüística de âmbito maior, onde se insere outra unidade de âmbito menor. Assim, a palavra se insere no contexto da frase que, por sua vez, se insere no contexto do período, que por sua vez se insere no contexto do parágrafo e assim por diante. Uma vez inserida no contexto, a palavra perde seu caráter polissêmico, isto é, deixa de admitir vários significados e ganha um significado específico no contexto.

Assim, na frase: "O advogado iniciou uma ação trabalhista", o significado de ação é específico, é um significado dado pelo contexto.

Para a compreensão de um texto, a depreensão do significado contextual é um dado importante. Num texto, tudo deve ser amarrado e coerente; a coerência do texto permite que se capte o sentido que as palavras assumem no contexto.

A relação existente entre o plano da expressão e o plano de conteúdo configura o que chamamos de denotação, isto é, a palavra apresenta um significado conhecido por todos, o sentido dicionarizado. Por exemplo: "Com quem está a chave da porta?" "No inverno, o chocolate, servido bem quente, aquece".

Uma palavra, além do seu significado denotativo, pode apresentar ou­tros significados paralelos, por vir carregada de impressões, valores afetivos, negativos e positivos. Esses valores sobrepostos ao signo constituem o que se denomina conotação, isto é, a palavra empregada em sentido conotativo tem a propriedade de apresentar significados diferentes do seu sentido ori­ginal, mantendo inalterado o significante. Por exemplo: Aí está a chave do problema. Esta é aporta do sucesso. No inverno da vida, seus pensamentos retornam à juventude.

Duas palavras podem ter a mesma denotação, mas conotação comple­tamente diversa, e essa propriedade pode servir para deixar clara a diferença entre essas duas dimensões do signo lingüístico. Por exemplo, as palavras docente, professor e instrutor, que denotam praticamente a mesma coisa: alguém que instrui alguém; as três, entretanto, são carregadas de conteúdos conotativos diversos, sobretudo no que diz respeito ao prestígio e ao grau de respeitabilidade que cada um desperta.

A constatação desses fatos leva-nos a outras questões: a primeira é a da sinonímia lexical. Quando duas palavras podem ser consideradas sinô­nimas? Respondendo de forma simples, pode-se dizer que serão sinônimas quando houver identidade de significação. Esta resposta, entretanto, não é satisfatória, haja vista o exemplo acima.

Para que duas palavras sejam sinônimas é necessário, além da discu­tível identidade de significação, que a sua contribuição para o significado de uma frase seja igual. A sinonímia lexical, ainda, depende do contexto em que as palavras são empregadas. Assim, muitas vezes a procura de uma "palavra certa" relaciona-se à busca de precisão; por exemplo, palavras que, num contexto informal, podem ser tomadas como sinônimas, num contexto técnico assumem sentidos específicos; é o caso de roubo e furto; e separação, desquite e divórcio, no vocabulário jurídico.

Outra questão diz respeito à antonímia. Segundo as definições tradicio­nais, são antônimas as palavras que apresentam sentidos opostos, contrários, como os pares bom/mau; abrir/fechar; nascer/morrer; feliz/infeliz.

A despeito de críticas sobre as significações contrárias das palavras, como no par nascer/morrer, que exprimem dois momentos extremos do mesmo processo de viver, e não realmente uma oposição, lexicalmente, os antônimos se formam de duas maneiras:

1) Com radicais diferentes:
agitação/calma — agravar/atenuar
altivez/submissão — ânimo/desalento
análise/síntese — consentir/proibir

2) Com radical igual, acrescido de prefixo negativo ou de significação contrária:
feliz/infeliz — agradável/desagradável
evasão/invasão — importação/exportação
emergir/imergir — ascendente/descendente

Ainda em relação à significação das palavras, temos as questões da homonímia e da paronímia.

1. Homônimas — dizem-se homônimas aquelas palavras que apre­sentam a mesma pronúncia, ou a mesma grafia, porém significados diferentes. Subdividem-se em:

1.1 Homônimas perfeitas
— têm a mesma grafia, o mesmo som, mas significados diferentes:

rio (água fluvial) / rio (verbo rir)
são (sadio) / são (santo) / são (verbo ser)
espera (subst.) / espera (verbo)
vão (subst.) /vão (adj.) /vão (verbo)
sela (v. selar = pôr selo) / sela (v. selar = pôr sela no cavalo)

1.2 Homônimas imperfeitas — podem ser:

1.2.1 Homófonas — mesma pronúncia, grafia diferente e significado diferente:

sela / cela (de prisão)
censo (dados estatísticos) / senso (sentido, discerni­mento)
cessão / seção / sessão
acender (alumiar) / ascender (subir)
caçar (apanhar animais) / cassar (anular)
laço (nó) / lasso (frouxo, gasto)
taxa (imposto, tributo) / tacha (pequeno prego)
concerto (espetáculo, arrumação) / conserto (reparo)
remição (libertação, resgate) / remissão (perdão, renúncia)
cheque (ordem de pagamento) / xeque (soberano árabe, risco, perigo)

1.2.2 homógrafas — mesma grafia, pronúncia diferente e significado também diferente:

tropeço (subst.) (a vogai "e" fechada) / tropeço (verbo)
retorno (subst.) (a vogai "o" fechada) / retorno (verbo)
almoço (subst.) (a vogai "o" fechada) / almoço (verbo)
estrela (subst) (a vogai "e" fechada) / estrela (verbo)

2. Parônimas — são consideradas parônimas as palavras que têm a pronúncia semelhante, a grafia semelhante, mas a significação totalmente diferente:

deferimento (concessão) / diferimento (adiamento)
descrição (ato de descrever) / discrição (ser discreto)
descriminar (tirar a culpa) / discriminar (distinguir)
eminente (alto, excelente) / iminente (prestes a ocorrer)
incerto (duvidoso) / inserto (part. de inserir)
flagrante (evidente) / fragrante (perfumado)
destratar (ofender) / distratar (romper o trato)
infligir (aplicar pena) / infringir (desobedecer)
mandado (ordem de / mandato (representação) autoridade pública)